Xadrez é um esporte?
OPINIÃO DE GÉRSON
PERES - UM DOS MAIS CONCEITUADOS PROFESSOR DE XADREZ DO BRASIL
O xadrez foi reconhecido como esporte
desde junho de 1999, através do Comitê Olímpico Internacional (COI). O
documento foi assinado pelo então presidente do COI o Espanhol Juan Antonio
Samaranch, que faleceu em 2010.
O xadrez não é esporte olímpico como
muitas outras modalidades que são esportes e não são olímpicos. Por exemplo,
futsal é esporte e nem por isso está nas Olimpíadas! Ninguém em sã consciência
afirmaria que futsal não é esporte... Mesmo assim ele não faz parte da carta
olímpica, assim como o xadrez, onde constam as modalidades que disputam os
Jogos Olímpicos, de Verão e de Inverno.
Dificilmente o xadrez será esporte
olímpico (opinião meramente pessoal). Para entrar na Olimpíada é muito difícil
nos dias de hoje, pois são 10.500 atletas e para uma modalidade entrar, outra
tem que sair ou deixar de ter algumas provas: por exemplo, teria que diminuir
provas da natação, do atletismo, do judô, etc., para reduzir o número de
atletas de outras modalidades para colocar atletas das novas modalidades,
mantendo assim o número ideal de 10.500 atletas. Este número máximo é para não
inchar muito a competição, que com mais atletas exige maior estrutura. Uma
solução para aumentar o número de atletas talvez seja ter várias sedes, o que
já foi cogitado recentemente em reunião do COI.
Bom, mas há outros problemas também
como a própria olimpíada de xadrez – que já tem mais de 40 edições – disputada
a cada dois anos que teria de ser extinta. O COI naturalmente não deixaria ter
uma outra olimpíada dentro da modalidade. Veja que as modalidades olímpicas não
têm olimpíada própria, só outros eventos como mundiais, continentais, ligas,
etc...
Há questões também como número de
jogadores que teria de diminuir (hoje são 4, mais 1 reserva no masculino - e
ainda o naipe feminino com 3 jogadoras e 1 reserva), se multiplicarmos por 181
países filiados à FIDE imagina o número gigantesco de atletas que dá isto.
Talvez se o xadrez entrasse na Olimpíada houvesse apenas 1 jogador/a por país,
para não aumentar muito o número de atletas. E isto equivale a dizer que a
Olimpíada já teria que receber 362 jogadores do xadrez (homens e mulheres) ao
seu já grande número de 10.500 atletas!
E naturalmente as partidas nunca
poderiam ser de até 6 horas (ou mais, dependendo o número de lances, já que se
joga com acréscimo) como é hoje. Talvez, teríamos partidas de 5 minutos, 25 minutos e 1
hora para cada lado no máximo. Isso por conta do tempo de televisão...
Bom, em face de tudo isso apontado,
penso que o xadrez está muito bem do jeito que está com sua olimpíada própria,
que é um verdadeiro show de xadrez! Entre vantagens (exposição na mídia e mais
dinheiro dos comitês nacionais) e desvantagens (acima apontadas). Não sei se haverá
um ganho tão grande se o xadrez entrar na Olimpíada.
Feliz Natal e muitas conquistas em 2015!
Fraternalmente.
Gérson Peres
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