Alexsandra a direita e Andrea ao fundo do mesmo lado. Elas se defrontaram na ultima rodada.
Fui Coordenador dos Jogos Escolares
de Petrolina durante 13 anos. Nesta longa jornada aconteceram alguns fatos
pitorescos e inacreditáveis dignos de relatos, testemunhados por pais,
professores e alunos, ratificando assim, a veracidade da história.
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Há 15 anos, mais precisamente em Setembro
de 1999, aconteceu uma cena que considero inusitada no esporte em que milito,
obviamente porque as competições enxadrísticas geralmente não tem um enfoque
midiático presente como em outros esportes de massa. Nos dias de hoje um
flagrante desta natureza não seria improvável, pois é muito comum de se ver
aparelhos com funções para filmagem como é o caso dos celulares.
Jogavam pela categoria Juvenil Feminino,
Alexsandra Oliveira (Escola Técnica Federal) X Andréa Kalienne
(Colégio Dom Bosco). A competição transcorria normalmente quando de repente,
sou chamado através de um dos auxiliares de arbitragem para resolver um
incidente na mesa aonde ocorria a referida partida.
Andréa Kalienne tinha feito um lance com a
rainha contra a sua rival, porém a casa em que ela pretendia colocar a peça
estava atacada por um Bispo ,e, se apercebendo do equívoco, e sem liberar a
peça, colocou-a em outra casa. O impasse foi gerado porque Alexsandra alegava
que a sua oponente tinha liberado a peça na casa atacada, sendo que Andréa aos
prantos, negava com veemência. O problema seria mais cômodo de resolver se
Andréa não fosse simplesmente minha filha.
Vendo todo aquele entrevero, o Professor
Luciênio, do Colégio Patrícia Diniz, falou que tinha registrado o fato através
da filmadora de Professora Terezinha Abel, que fazia parte da organização geral
dos Jogos Escolares. O Professor Luciênio mostrou a gravação a qual foi vista
por todos presentes, ficando constatado que Andréa Kalienne estava com a razão.
Em protesto, Alexsandra abandonou o jogo derrubando o seu Rei, se retirando
imediatamente do recinto.
Foi uma coincidência incrível, haja vista
que naquele exato momento tinham mais de 30 partidas em andamento, sendo que o
Professor estava filmando justamente naquela mesa na hora da ocorrência. O
vídeo realmente foi decisivo na tomada de decisão da organização do evento.
Sempre conduzi qualquer competição sob a
minha Coordenação com lisura e imparcialidade, porém se não fosse a
máquina filmadora, como seria difícil a minha decisão. Conhecedor do gênio
de minha querida filha, com certeza eu não seria perdoado se o veredicto final
fosse desfavorável a sua pessoa.
Lamentavelmente a equipe da antiga Escola
Técnica Federal de Petrolina, hoje IF (Instituto Federal do Sertão), me culpou
pela derrota, porém tenho a convicção de que agi com coerência e honestidade,
além de ter a meu favor o recurso de um vídeo!
Infelizmente não consegui recuperá-lo para
mostrar aos nossos leitores, devido a incompatibilidade das resoluções de
execução da máquina filmadora daquela época, porém estou divulgando fotos.
Emídio José Alves de Santana
Professor de Xadrez – Petrolina – PE.
Que fria hem,mestre Emídio!? Comigo ocorreu uma situação idêntica a essa, mas sem filme. Torneio escolar no Clube de Xadrez São Paulo. Meu aluno dizia que o adversário soltou a dama. O oponente jurava que não.Convocaram o professor do aluno e a mim para resolvermos o imbróglio. Explicaram a situação. Conhecedor da índole do meu aluno sentia que falava a verdade, mas nesta situação não há como provar, pois é palavra contra palavra. Impasse criado e eis que,surpreendentemente, o professor oponente me chamou no canto e disse: "Seu aluno tem razão eu conheço este meu aluno e sei que ele está mentindo". Vou mandar o árbitro dar o ponto para seu aluno. E assim o fez!
ResponderExcluirMestre Resende
ExcluirFoi um verdadeiro lance de sorte!
Vez por outra a gente se depara com situações que a Deusa Caíssa nos impõe por está fora do alcance dela. E aí ficamos a mercê do imponderável que nos coloca em Xeque!
Um abraço Mestre! Obrigado pelo comentário.
Emídio Santana
Um grande prazer relembrar esse momento esportivo em minha vida. Na época, sem maturidade, tive uma prática antiesportiva mas hoje, ensino aos meus filhos a importância de saber ganhar e perder em competições. Continue assim Professor, resgatando a memória do Xadrez da nossa região. Sucesso!!!!
ExcluirAlexsandra
ResponderExcluirQue prazer reencontrá-la... Seu comentário nos emociona e nos deixa com a consciência do dever cumprido nesta trajetória onde acumulamos grandes vitórias e algumas derrotas que por sinal são marcantes nos arremetendo para a realidade, com a aceitação das mesmas, fazendo-nos crescer como seres humanos.
Neste episódio ficaram resquícios de uma tomada decisão onde a razão impôs a sua verdade mas que o coração guardou para as nossas lembranças nos impondo a condicionalidade do começo de uma grande amizade.
Naquele dia ficamos tristes por contrariá-la, porém o tempo esperou para nos brindar com o seu depoimento.
Muito obrigado Alexsandra.
Emídio